A definição de cirurgia ortognática vem do latim “orto” (correto) e “gnatos” (maxilares). Ou seja, é um procedimento cirúrgico que visa colocar os maxilares na sua melhor posição, promovendo, assim, melhor oclusão (mordida) e estética facial. Estima-se que 25 a 30% da população apresente algum tipo de desarmonia facial e que pelo menos a metade desse total necessite de cirurgia.
Trata-se de uma cirurgia funcional cujo objetivo é reposicionar as estruturas ósseas da face em uma posição ideal, e seu caráter estético é apenas complementar, uma vez que, quando os maxilares são colocados no seu posicionamento adequado, a face do indivíduo muda esteticamente para melhor.
A cirurgia ortognática não é uma cirurgia isolada, sendo parte de um tratamento chamado “tratamento orto-cirúrgico”, o qual possui fases antes e depois da cirurgia. Mas em alguns casos a cirurgia pode ser realizada antes do tratamento ortodôntico, o que é conhecido como “beneficio antecipado”, o que só é possível quando os dentes já possuem certo encaixe. Caso contrário, deve haver tratamento ortodôntico antes da cirurgia.
A cirurgia ortognática é indicada quando há uma desarmonia facial acarretada por uma discrepância dento-esquelética, geralmente ocasionada pelo crescimento exagerado ou inadequado de algum dos ossos da face, como mandíbula, maxila, queixo (ou mento) e zigomático (maçã do rosto). A assimetria facial ocorre nesses casos e compromete a harmonia e a beleza do rosto, além de uma correta oclusão dentária.
Além da questão estética e funcional, essas deformidades causam outros transtornos que afetam a saúde, autoestima e bem-estar dos pacientes. A cirurgia ortognática pode prevenir e tratar alguns desses problemas, como:
Sorriso gengival;
Desgaste na articulação temporomandibular;
Artrose da articulação temporomandibular;
Distúrbios do sono (ronco e apnéia obstrutiva)
Como em qualquer outra cirurgia, é necessário identificar alguma doença sistêmica que contraindica uma anestesia geral. Além disso, a cirurgia ortognática é contraindicada para pacientes que não vão cooperar com as medidas pós-operatórias, como alimentação restrita, por exemplo, e para pacientes que possuem alguns tipos de distúrbios neurológicos.
A fase de preparo pode durar cerca de seis meses a um ano e meio. Nesse período, o tratamento ortodôntico vai corrigir (descompensar) a mordida e a função mastigatória, colaborando para um correto encaixe dos dentes na hora da cirurgia.
A cirurgia ortognática consiste, basicamente, em colocar os maxilares na melhor posição possível, de forma que garanta a saúde das articulações temporomandibulares, dos tecidos bucais, da respiração correta, das funções da fala e da mastigação, da oclusão e da estética facial.
Antes de realizar a cirurgia ortognática é feito um planejamento virtual, ou seja, ela é realizada primeiro em um software específico no computador para depois todas as informações serem transportadas para o centro cirúrgico. Essa tecnologia traz mais precisão para o procedimento a ser executado e proporciona a visualização aproximada dos resultados que serão obtidos.
Essa é uma cirurgia realizada em ambiente hospitalar sob anestesia geral, e o paciente não fica com nenhum tipo de cicatriz perceptível, uma vez que o procedimento é realizado todo por dentro da boca.
O profissional mais apto e indicado para realizar a cirurgia ortognática é o cirurgião bucomaxilofacial, ou seja, um cirurgião-dentista que cursou uma especialização/residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais. Para saber de tal informação, basta pesquisar no site do Conselho Federal de Odontologia (CFO) se o profissional se encontra inscrito como especialista.
A cirurgia ortognática dura em média duas a quatro horas, dependendo do tipo de procedimento que será realizado.
A recuperação normalmente é indolor, sendo recomendado que o paciente se afaste de suas atividades diárias por pelo menos 15 dias, sendo o ideal 30 dias. Na primeira semana pós-operatória, a alimentação será mediante líquidos, e depois, gradativamente, alimentos pastosos. Já as carnes são alimentos liberados com cerca de dois meses, e atividades físicas depois de três meses. Também é fundamental sessões de fisioterapia no pós-operatório e, em alguns casos, fonoaudiologia.
Após a cirurgia, o paciente continua utilizando aparelho ortodôntico, geralmente por um período entre seis e doze meses, dependendo do caso. O resultado, no entanto, traz melhoras significativas tanto na estética facial quanto na qualidade de vida dos pacientes, o que inclui melhora na respiração, mastigação, deglutição, fonação e até no relacionamento social.